Bairro Sul
O Bairro Sul ou Bairro da Lapa (como outrora foi e ainda é conhecida), é a zona mais característica, mais castiça e popular da gente piscatória da Póvoa de Varzim. Por isso se diz, com certo orgulho e vaidade, que o Bairro Sul é a alma e a voz da gente poveira. É um dos seis bairros tradicionais da Póvoa de Varzim e uma das onze partes em que se subdivide a cidade. O bairro localiza-se a sul do Centro da Póvoa de Varzim. Tem por cores o verde e o branco e a Lancha Poveira como símbolo, também o símbolo da cidade. É nesta zona onde se realiza uma das maiores Festas Religiosas de Portugal, e é da sua Igreja da Lapa que sai, uma das mais grandiosas se não mesmo a mais imponente procissão do país, que é a Nossa Senhora d'Assunção (dia 15 de Agosto).
Simbologia: Lancha Poveira
Tem como emblema a Lancha Poveira um barco que se terá desenvolvido a partir do Drakkar Vinking, sem a popa e a ré pronunciadas, com vela mediterrânica. A lancha poveira outrora familiar nas praias da Póvoa e que chegou até a ser usada no início do século XX no Rio de Janeiro, desapareceu praticamente na década de 1950, restando apenas uma embarcação. Barcos que derivam dos barcos poveiros podem ser encontrados da Galiza a Moçambique.
A Génese
No século XVII, a Câmara Municipal decide concentrar a população de pescadores, que se encontravam dispersos no Bairro da Matriz para junto da Enseada da Póvoa, porto natural. A estrutura de ruas paralelas à costa do Bairro Sul que é conhecida como "colmeia de pescadores" estava já razoavelmente desenvolvida no século XVIII, sendo composto por casario piscatório e unifamiliar. Esta população estava dividida do resto da população formando castas sociais piscatórias, as duas principais eram os lanchões, elite piscatória, e os sardinheiros, a mais pobre. A Confraria de Nossa Senhora da Lapa, Amparo dos Homens do Mar fundada em 1761 pelos pescadores pede o aforamento dos «chãos de areia» para que fossem autorizados de aí fixar as suas casas, em 1767.
Raul Brandão (jornalista, 1867-1930) descreve o bairro como "duas vielas sobre o areal, tocas de esquimós, negras, fumarentas, tresandando a peixe, com varais especados na areia, e arraias secando ao sol para mantimento de Inverno." Aquando da prosperidade da comunidade piscatória da Póvoa ainda no século XVIII, o bairro começou a crescer para Poça da Barca, ainda em volta da Enseada da Póvoa, que certos documentos históricos colocavam no termo de Vila do Conde.
Em 1853, dada a dimensão da Póvoa de Varzim, maior que várias cidades, a Câmara propõe a criação da paróquia da Lapa, dado que a Póvoa já nessa altura se dividia em 4 bairros. Em 1858 sugere a criação da nova freguesia que inclua esse bairro e os lugares de Poça da Barca, Regufe e Gandarinha, até ao limite de Poça da Barca com as Caxinas, onde está hoje a capela do Senhor dos Navegantes, lugares no termo de Vila do Conde. Foi nomeada uma comissão que com outra de Vila do Conde que apresentaria o projecto. A 15 de Março de 1858, um ofício do Governo Civil refere para que a Póvoa troque os lugares de Cerca e Quintela de Argivai (por serem contíguos a Vila do Conde), pelos de Poça da Barca e Regufe, tal como havia requerido. No entanto, no dia seguinte um novo ofício declara lesiva para Vila do Conde tal anexação, apesar dos moradores de Poça da Barca terem também requerido a anexação à Póvoa.
No final do século XIX com a sobre-pesca por barcos a vapor autorizados pelo governo nacional, nomeadamente com a rede de malha miúda que apanha até mesmo o peixe juvenil, faz com que a abundância de peixe de outrora, e que tinha levado à prosperidade da comunidade, comece a rarear de forma muito significativa, criando problemas sociais graves e à emigração dos pescadores. Ainda nesse século, a comunidade já se tinha expandido para mais território vilacondense, formando as Caxinas, que irá engrossar significativamente com os pescadores do Bairro Norte, no século XX. As paróquias religiosas, sem cunho civil surgem no século XX, a paróquia da Lapa, incluindo só o Bairro Sul da Póvoa, surge em 1935. Em 1944, é criada a Paróquia das Caxinas e Poça da Barca por desanexação de Vila do Conde.
Raul Brandão (jornalista, 1867-1930) descreve o bairro como "duas vielas sobre o areal, tocas de esquimós, negras, fumarentas, tresandando a peixe, com varais especados na areia, e arraias secando ao sol para mantimento de Inverno." Aquando da prosperidade da comunidade piscatória da Póvoa ainda no século XVIII, o bairro começou a crescer para Poça da Barca, ainda em volta da Enseada da Póvoa, que certos documentos históricos colocavam no termo de Vila do Conde.
Em 1853, dada a dimensão da Póvoa de Varzim, maior que várias cidades, a Câmara propõe a criação da paróquia da Lapa, dado que a Póvoa já nessa altura se dividia em 4 bairros. Em 1858 sugere a criação da nova freguesia que inclua esse bairro e os lugares de Poça da Barca, Regufe e Gandarinha, até ao limite de Poça da Barca com as Caxinas, onde está hoje a capela do Senhor dos Navegantes, lugares no termo de Vila do Conde. Foi nomeada uma comissão que com outra de Vila do Conde que apresentaria o projecto. A 15 de Março de 1858, um ofício do Governo Civil refere para que a Póvoa troque os lugares de Cerca e Quintela de Argivai (por serem contíguos a Vila do Conde), pelos de Poça da Barca e Regufe, tal como havia requerido. No entanto, no dia seguinte um novo ofício declara lesiva para Vila do Conde tal anexação, apesar dos moradores de Poça da Barca terem também requerido a anexação à Póvoa.
No final do século XIX com a sobre-pesca por barcos a vapor autorizados pelo governo nacional, nomeadamente com a rede de malha miúda que apanha até mesmo o peixe juvenil, faz com que a abundância de peixe de outrora, e que tinha levado à prosperidade da comunidade, comece a rarear de forma muito significativa, criando problemas sociais graves e à emigração dos pescadores. Ainda nesse século, a comunidade já se tinha expandido para mais território vilacondense, formando as Caxinas, que irá engrossar significativamente com os pescadores do Bairro Norte, no século XX. As paróquias religiosas, sem cunho civil surgem no século XX, a paróquia da Lapa, incluindo só o Bairro Sul da Póvoa, surge em 1935. Em 1944, é criada a Paróquia das Caxinas e Poça da Barca por desanexação de Vila do Conde.
Geografia Actual
Este bairro limita a norte com a zona Centro, a nascente com Matriz/Mariadeira, a sul com a Cidade de Vila do Conde, nomeadamente as zonas de crescimento do Bairro Sul para essa cidade (Poça da Barca e Caxinas) com as quais partilha traços característicos, pois a grande maioria dos moradores na Poça da Barca e Caxinas identificam-se mais com o São Pedro do que com o Santo Padroeiro do seu Concelho, o São João, assim como se identifcam e tem as suas raízes no Bairro Sul da Póvoa de Varzim. A poente encontra-se o oceano atlântico, com o porto de pescas da cidade da Póvoa de Varzim.
O bairro é cruzado por pequenos arruamentos em forma de malha, formando quarteirões rectangulares. Alguns dos quais foram tornados pedonais, em especial a rua 31 de Janeiro, rua comercial do Bairro Sul. A poente é ladeado pela avenida dos Descobrimentos e rua da Carvaneira e a nascente pela rua Almirante Reis (Estrada Nacional 13). A Travessa da Poça da Barca e a Rua do Século, entre outras ruas estreitas que percorrem o interior do bairro, ligam essas vias. Na Rua dos Ferreiros concentravam-se os ferreiros, enquanto que a Rua da Assunção era a central dos armazéns de peixe. Os carpinteiros concentravam-se na na Rua das Ribeiras.
O bairro é cruzado por pequenos arruamentos em forma de malha, formando quarteirões rectangulares. Alguns dos quais foram tornados pedonais, em especial a rua 31 de Janeiro, rua comercial do Bairro Sul. A poente é ladeado pela avenida dos Descobrimentos e rua da Carvaneira e a nascente pela rua Almirante Reis (Estrada Nacional 13). A Travessa da Poça da Barca e a Rua do Século, entre outras ruas estreitas que percorrem o interior do bairro, ligam essas vias. Na Rua dos Ferreiros concentravam-se os ferreiros, enquanto que a Rua da Assunção era a central dos armazéns de peixe. Os carpinteiros concentravam-se na na Rua das Ribeiras.